sábado, 8 de setembro de 2012

Procura-se um amigo para o fim do mundo (Seeking a friend for the end of the world – 2012)





A diretora Lorene Scafaria, em seu filme de estreia, conseguiu algo curioso: Fazer um filme sobre o fim do mundo que não é depressivo (e logo em 2012, o ano que reúne tantas previsões de que seria o nosso último). Em relação a Melancolia, de Lars Von Trier, filme com o qual é muito comparado pela semelhança no tema central, Procura-se um amigo para o fim do mundo é um filme muito mais leve, sem dúvidas. Em compensação, é muito menos incisivo e marcante. Este é o típico pequeno filme que, presume-se, logo será esquecido, que será uma nota de rodapé muito modesta na História do Cinema. O que não quer dizer que não tenha seus méritos.

Se falta contundência e até ambição ao filme, por optar seguir um caminho minimalista e ignorar grandes questões existencialistas, há que se registrar que ele aborda algumas questões interessantes, mais mundanas, sobre o que fazer nesses tais últimos dias. No filme vemos que alguns preferem continuar trabalhando normalmente, outros abandonam tudo e partem para orgias mirabolantes, preservativos são abandonados (para quê se preocupar com gravidez e/ou doenças venéreas, com o fim do mundo se aproximando em questão de dias?), assim como quaisquer pudores, uns poucos resolvem antecipar seu fim cometendo suicídio, outros preferem resistir ao inevitável e planejam planos mirabolantes de sobrevivência pós-impacto do asteroide, etc. O leque de opções é grande e a diretora lida bem com a falta de sentido, a anarquia e o niilismo respectivo das diversas situações apresentadas, assim como demonstra competência em tornar tocante o final do filme. O problema é o longo miolo dele, onde há uma perda visível de ritmo e interesse, e uma certa falta de química entre os atores principais, Steve Carell  e Keira Knightley, não ajuda em nada, apesar deste problema se resolver um pouco perto do desfecho do filme. É nítido que ambos não estão no seu habitat preferido (ele a comédia, ela os dramas históricos).

Ao contrário do que muitos podem esperar, até pela presença de Steve Carell, o tom do filme é um pouco mais dramático, busca-se muito mais uma reflexão ponderada do que risadas constantes, sem entretanto resvalar para um excesso de lágrimas por parte dos personagens (e do público). Ficção-científica também não é exatamente o que o norteia o filme, a situação apocalíptica apresentada é mais um pretexto para se criar a situação central do filme e unir os personagens, aqui não há cientistas explicando detalhes do que irá acontecer, ou o uso de efeitos especiais mirabolantes. Aliás, talvez o problema maior do filme seja esse, não definir exatamente a que veio, essa indefinição entre o dramalhão e a comédia, entre ficção-científica e romance, costuma alienar uma parte grande do público. Tendo em vista a fraca bilheteria que o filme vem angariando mundo afora, e as muitas críticas que recebe, infelizmente parece que essa indefinição está cobrando um preço caro.

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