A diretora Lorene Scafaria, em
seu filme de estreia, conseguiu algo curioso: Fazer um filme sobre o fim do
mundo que não é depressivo (e logo em 2012, o ano que reúne tantas previsões de
que seria o nosso último). Em relação a Melancolia, de Lars Von Trier, filme
com o qual é muito comparado pela semelhança no tema central, Procura-se um
amigo para o fim do mundo é um filme muito mais leve, sem dúvidas. Em
compensação, é muito menos incisivo e marcante. Este é o típico pequeno filme
que, presume-se, logo será esquecido, que será uma nota de rodapé muito modesta
na História do Cinema. O que não quer dizer que não tenha seus méritos.
Se falta contundência e até
ambição ao filme, por optar seguir um caminho minimalista e ignorar grandes
questões existencialistas, há que se registrar que ele aborda algumas questões
interessantes, mais mundanas, sobre o que fazer nesses tais últimos dias. No
filme vemos que alguns preferem continuar trabalhando normalmente, outros
abandonam tudo e partem para orgias mirabolantes, preservativos são abandonados
(para quê se preocupar com gravidez e/ou doenças venéreas, com o fim do mundo
se aproximando em questão de dias?), assim como quaisquer pudores, uns poucos
resolvem antecipar seu fim cometendo suicídio, outros preferem resistir ao
inevitável e planejam planos mirabolantes de sobrevivência pós-impacto do
asteroide, etc. O leque de opções é grande e a diretora lida bem com a falta de
sentido, a anarquia e o niilismo respectivo das diversas situações apresentadas,
assim como demonstra competência em tornar tocante o final do filme. O problema
é o longo miolo dele, onde há uma perda visível de ritmo e interesse, e uma
certa falta de química entre os atores principais, Steve Carell e Keira Knightley, não ajuda em nada, apesar
deste problema se resolver um pouco perto do desfecho do filme. É nítido que
ambos não estão no seu habitat preferido (ele a comédia, ela os dramas
históricos).
Ao contrário do que muitos podem
esperar, até pela presença de Steve Carell, o tom do filme é um pouco mais
dramático, busca-se muito mais uma reflexão ponderada do que risadas
constantes, sem entretanto resvalar para um excesso de lágrimas por parte dos
personagens (e do público). Ficção-científica também não é exatamente o que o
norteia o filme, a situação apocalíptica apresentada é mais um pretexto para se
criar a situação central do filme e unir os personagens, aqui não há cientistas
explicando detalhes do que irá acontecer, ou o uso de efeitos especiais
mirabolantes. Aliás, talvez o problema maior do filme seja esse, não definir
exatamente a que veio, essa indefinição entre o dramalhão e a comédia, entre
ficção-científica e romance, costuma alienar uma parte grande do público. Tendo
em vista a fraca bilheteria que o filme vem angariando mundo afora, e as muitas
críticas que recebe, infelizmente parece que essa indefinição está cobrando um
preço caro.
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