Será que existe algum filme tão elegante quanto “Laura”? O charme desse filme atravessa décadas e permanece irresistível. Nunca Gene Tierney esteve tão bonita e sofisticada, a fotografia (oscarizada) de Joseph LaShelle é suave e vital para a trama, que diga-se de passagem é de primeira linha... vários diálogos são de um “wit” digno de um Oscar Wilde inspirado... e a maioria deles ironicamente ditos pelo Waldo Lydecker de Clifton Webb, fácil um dos personagens mais marcantes tanto do cinema noir quanto do próprio cinema como um todo.
A música, então, é covardia... se mistura ao filme, um não existe sem o outro. O mais incrível é que David Raksin a compôs em um único final de semana, na correria (inspirado por uma carta em que sua mulher o abandonou), e ainda tendo que convencer Otto Preminger e os produtores de que a sua música seria perfeita. É uma das grandes trilhas do cinema, bela, profunda e envolvente, das que não esquecemos jamais. Hedy Lamarr, anos depois, reclamou que dispensou fazer o filme, a princípio, porque lhe tinham enviado o script, e não a trilha sonora...
Mas foi bom a Hedy Lamarr ter pulado do barco. Isto porque Gene Tierney nasceu para ser Laura. A sua beleza e elegância (desculpem pelo abuso deste adjetivo, mas é difícil fugir dele quando se fala de “Laura”) justificam todos aqueles homens ao redor, ela é tão fascinante que nos convence que mesmo um homossexual assumido como o Clifton Webb poderia ficar obcecado por ela. Aliás, este é um dos grandes trunfos do filme: Os personagens são ricos, ambíguos, não há um clichê gratuito no filme. Laura é uma musa mas tem personalidade, coleciona homens, mente, e ao mesmo tempo é claramente bondosa e feminina. Mark, o detetive interpretado por Dana Andrews (um ator limitado, mas que participou de vários clássicos nos anos 40 – devia ter um bom agente) é calmo, controlado, mas também tem seus momentos de raiva, e termina por se apaixonar por uma defunta. Vincent Price e Judith Anderson interpretam personagens cínicos, fracos, que conhecem seus defeitos e tem, por isso mesmo, um certo magnetismo por trás de suas pretensas superficialidades. E Waldo Lydecker, magistralmente interpretado por Clifton Webb (no papel que marcaria toda a sua carreira) é rico, cínico ao extremo, mordaz, frio, mas que também enlouquece sob os encantos de Laura (sejamos sinceros também: Quem não enlouqueceria?).
Otto Preminger teve uma carreira de altos e baixos, mas aqui ele acertou na mosca, claramente é sua obra-prima. Ele assumiu o filme que era de Rouben Mamoulian, jogou tudo o que fora filmado fora, desprezou o script original (que tinha um final diferente e decepcionante) e soube conjugar todos os elementos do filme com maestria, construindo um clássico de marcar época.
“Laura” tem uma certa similaridade com “Casablanca”, na medida em que eram dois filmes “B” que acabaram, por circunstâncias fortuitas, ganhando um tratamento “A”, com elenco e diretores de respeito, que se acertaram quase que por mágica. Esta é uma das graças do cinema, de vez em quando tudo dá certo e ninguém sabe explicar direito como tudo aquilo aconteceu. Sem dúvida, “Laura” foi favorecido pelos deuses do cinema, e, por extensão, foram agraciados todos os amantes dos grandes filmes, de ontem, hoje e sempre.
A música, então, é covardia... se mistura ao filme, um não existe sem o outro. O mais incrível é que David Raksin a compôs em um único final de semana, na correria (inspirado por uma carta em que sua mulher o abandonou), e ainda tendo que convencer Otto Preminger e os produtores de que a sua música seria perfeita. É uma das grandes trilhas do cinema, bela, profunda e envolvente, das que não esquecemos jamais. Hedy Lamarr, anos depois, reclamou que dispensou fazer o filme, a princípio, porque lhe tinham enviado o script, e não a trilha sonora...
Mas foi bom a Hedy Lamarr ter pulado do barco. Isto porque Gene Tierney nasceu para ser Laura. A sua beleza e elegância (desculpem pelo abuso deste adjetivo, mas é difícil fugir dele quando se fala de “Laura”) justificam todos aqueles homens ao redor, ela é tão fascinante que nos convence que mesmo um homossexual assumido como o Clifton Webb poderia ficar obcecado por ela. Aliás, este é um dos grandes trunfos do filme: Os personagens são ricos, ambíguos, não há um clichê gratuito no filme. Laura é uma musa mas tem personalidade, coleciona homens, mente, e ao mesmo tempo é claramente bondosa e feminina. Mark, o detetive interpretado por Dana Andrews (um ator limitado, mas que participou de vários clássicos nos anos 40 – devia ter um bom agente) é calmo, controlado, mas também tem seus momentos de raiva, e termina por se apaixonar por uma defunta. Vincent Price e Judith Anderson interpretam personagens cínicos, fracos, que conhecem seus defeitos e tem, por isso mesmo, um certo magnetismo por trás de suas pretensas superficialidades. E Waldo Lydecker, magistralmente interpretado por Clifton Webb (no papel que marcaria toda a sua carreira) é rico, cínico ao extremo, mordaz, frio, mas que também enlouquece sob os encantos de Laura (sejamos sinceros também: Quem não enlouqueceria?).
Otto Preminger teve uma carreira de altos e baixos, mas aqui ele acertou na mosca, claramente é sua obra-prima. Ele assumiu o filme que era de Rouben Mamoulian, jogou tudo o que fora filmado fora, desprezou o script original (que tinha um final diferente e decepcionante) e soube conjugar todos os elementos do filme com maestria, construindo um clássico de marcar época.
“Laura” tem uma certa similaridade com “Casablanca”, na medida em que eram dois filmes “B” que acabaram, por circunstâncias fortuitas, ganhando um tratamento “A”, com elenco e diretores de respeito, que se acertaram quase que por mágica. Esta é uma das graças do cinema, de vez em quando tudo dá certo e ninguém sabe explicar direito como tudo aquilo aconteceu. Sem dúvida, “Laura” foi favorecido pelos deuses do cinema, e, por extensão, foram agraciados todos os amantes dos grandes filmes, de ontem, hoje e sempre.
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