Um dos filmes mais conhecidos com a Greta Garbo (e o favorito dela), essa versão do livro clássico de Alexandre Dumas Filho pode não ser lá muito fiel ao livro, mas sem dúvida é ainda a versão mais conhecida e respeitada até hoje. O filme é da MGM e isso se mostra desde cedo, com os sets luxuosos e a história bastante glamourizada.
De certa forma, o filme começa em marcha lenta... Greta Garbo demora a entrar em seu papel e abusa um pouco dos sorrisos e de sua simpatia a princípio, que contrastam um pouco com a Marguerite Gautier do livro. A personagem sorri demais e é muito “leve”, não carregando junto com ela a melancolia e tragédia da personagem literária. Robert Taylor, como Armand Duval, em seu melhor papel no cinema (ao qual ele credita muito a ter contracenado com a Garbo), é quem segura esta parte inicial, com seu romantismo latente que, se em outros filmes é exagerado, neste encontra o seu apropriado nicho. Os outros personagens também estão ótimos, como Laura Hope Crewes, que era respeitadíssima no teatro e que impunha respeito e temor até em Bette Davis (mas que hoje só é lembrada, quando muito, como a tia Pitty de “E o vento levou”) e Henry Daniell, inaugurando a sua longa linha de “vilões” no cinema. O cinismo dele é perfeito e seu drama ajuda a dar muita força ao filme (até porque compreendemos, em parte, a sua frieza). George Cukor também mais uma vez demonstra que sabia comandar atores (principalmente atrizes), conduzindo o filme com elegância. Mas a coisa toda não convence inicialmente, como se o filme ficasse esperando pela Greta Garbo finalmente engrenar.
Felizmente, na segunda parte do filme a Greta Garbo pára de bater o ponto e desperta, retomando as rédeas da situação, atuando em algumas cenas memoráveis (a melhor delas no dramático encontro com Lionel Barrymore, em um pequeno (mas importante) papel). Por este filme ela foi novamente indicada ao Oscar, mas de novo não levou (aliás, nunca levou – quatro indicações e todas saindo de mãos vazias). É covardia comparar o filme com o livro, ainda mais levando-se em conta que foi filmado na década de 30, com todas as restrições da censura existentes (o que complica muito em uma história sobre uma cortesã), mas o fato é que no segundo terço de “A dama das camélias” o filme não fica devendo nada ao livro, o que é ótimo sinal. Há, sim, um comprometimento na cena final, uma glamourização exagerada (e desnecessária), que retira a força do final do livro, mas, de novo, é um sinal daqueles tempos, quase uma exigência do público e dos estúdios. Aliás, é curioso que um livro do Século XIX seja, em diversas partes, bem mais ousado que um filme feito quase cem anos depois!
No geral, é um dos grandes clássicos da Garbo e um romance de respeito, açucarado sim, mas feito com inteligência. Uma prova do que um grande elenco era capaz de fazer, principalmente quando estava inspirado. Talvez a versão definitiva de “A dama das camélias” ainda esteja para ser feita mas, até lá, a pole position é deste glamouroso filme de 1937.
De certa forma, o filme começa em marcha lenta... Greta Garbo demora a entrar em seu papel e abusa um pouco dos sorrisos e de sua simpatia a princípio, que contrastam um pouco com a Marguerite Gautier do livro. A personagem sorri demais e é muito “leve”, não carregando junto com ela a melancolia e tragédia da personagem literária. Robert Taylor, como Armand Duval, em seu melhor papel no cinema (ao qual ele credita muito a ter contracenado com a Garbo), é quem segura esta parte inicial, com seu romantismo latente que, se em outros filmes é exagerado, neste encontra o seu apropriado nicho. Os outros personagens também estão ótimos, como Laura Hope Crewes, que era respeitadíssima no teatro e que impunha respeito e temor até em Bette Davis (mas que hoje só é lembrada, quando muito, como a tia Pitty de “E o vento levou”) e Henry Daniell, inaugurando a sua longa linha de “vilões” no cinema. O cinismo dele é perfeito e seu drama ajuda a dar muita força ao filme (até porque compreendemos, em parte, a sua frieza). George Cukor também mais uma vez demonstra que sabia comandar atores (principalmente atrizes), conduzindo o filme com elegância. Mas a coisa toda não convence inicialmente, como se o filme ficasse esperando pela Greta Garbo finalmente engrenar.
Felizmente, na segunda parte do filme a Greta Garbo pára de bater o ponto e desperta, retomando as rédeas da situação, atuando em algumas cenas memoráveis (a melhor delas no dramático encontro com Lionel Barrymore, em um pequeno (mas importante) papel). Por este filme ela foi novamente indicada ao Oscar, mas de novo não levou (aliás, nunca levou – quatro indicações e todas saindo de mãos vazias). É covardia comparar o filme com o livro, ainda mais levando-se em conta que foi filmado na década de 30, com todas as restrições da censura existentes (o que complica muito em uma história sobre uma cortesã), mas o fato é que no segundo terço de “A dama das camélias” o filme não fica devendo nada ao livro, o que é ótimo sinal. Há, sim, um comprometimento na cena final, uma glamourização exagerada (e desnecessária), que retira a força do final do livro, mas, de novo, é um sinal daqueles tempos, quase uma exigência do público e dos estúdios. Aliás, é curioso que um livro do Século XIX seja, em diversas partes, bem mais ousado que um filme feito quase cem anos depois!
No geral, é um dos grandes clássicos da Garbo e um romance de respeito, açucarado sim, mas feito com inteligência. Uma prova do que um grande elenco era capaz de fazer, principalmente quando estava inspirado. Talvez a versão definitiva de “A dama das camélias” ainda esteja para ser feita mas, até lá, a pole position é deste glamouroso filme de 1937.
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